quinta-feira, 7 de julho de 2016

DISCALCULIA OU ACALCULIA: como ajudar?


Em primeiro lugar, é preciso entender que o aluno que não vai mal em matemática não é porque ele quer ou porque gosta tirar notas baixas. Os discalcúlicos e acalcúlicos agem dessa forma por uma condição inata ou adquirida.

Uma condição é inata quando há uma lesão cerebral ou uma disfunção de alguma área cerebral. Ou seja, as crianças já nascem com essa dificuldade. Nas condições adquiridas, as causas são mais variadas e podem ser por um ensino superficial e com poucas repetições; porque as dificuldades das crianças não foram percebidas em tempo e se cristalizaram; problemas de atenção ou de ansiedade entre outras.

Na recuperação das dificuldades matemáticas em crianças ou jovens a família, o psicopedagogo e os professores possuem um papel fundamental.

A família pode identificar as dificuldades do filho precocemente, ou seja, antes do início da escolarização. E para isso, deve estar sempre atento á forma como a criança conta ou lida com as questões matemáticas na vida prática. Pode ajudar a a criança a lidar com os fracassos, a aceitar os resultados negativos obtidos na disciplina, não deixar que que esses resultados interfiram na sua adaptação na vida e procurando um psicopedagogo para ajuda-las a lidar com essas tarefas. E pode fazer isso através de brincadeiras de contar, de juntar e tirar, trabalhando com formas, posições e detalhes. Segundo Piaget, brincar é uma forma de se adaptar, compreender, assimilar e se adaptar no mundo. Brincar é uma atividade lúdica e séria.

O professor também deve estar preparado para trabalhar com as crianças e jovens discalcúlicos e acalcúlicos proporcionando a esses aprendizes o envolvimento, a participação, o prazer, a ação reflexiva, ação mental reflexiva, a imaginação, a fantasia, a representação, a magia e a criatividade por meio das atividades lúdicas, pois são elas que se transformam em experiências significativas e permitem vivenciar situações em etapas que, possivelmente no cotidiano, passariam despercebidas.

As ações pedagógicas visam a construção do conhecimento. E, por causa disso, as crianças precisam compreender e enfrentar várias situações abstratas, seja em forma de resolução de problemas, nas operações fundamentais, no uso de fórmulas de área e perímetro, nos sistemas de medida, peso e capacidade, e mais adiante, no ensino dos conjuntos e suas representações, frações e estudos de álgebra. E são essas situações abstratas que dificultam a compreensão das crianças e jovens que apresentam dificuldade de aprendizagem em matemática. Mas, se essas mesmas situações forem transformadas em jogos ou brincadeiras as crianças podem vivenciá-las de forma significativa por meio da simulação, e vivenciar passo a passo os conteúdos, gradativamente serão compreendidas devido a repetição das brincadeiras ou dos jogos.

A Associação Brasileira de Discalculia (ABD) afirma que os professores também podem se valer de outras estratégias, como por exemplo:

a) permitindo a utilização de calculadora, tabuada e o caderno quadriculado para resolver as tarefas;
b) elaborando provas com questões claras e diretas;
c) sugerindo que os alunos visualizem os problemas por meio de desenhos;
d) prestando atenção em como ele desenvolve suas atividades;
e) tendo sempre em mente que os alunos com discalculia ou acalculia aprendam de uma forma diferente das outras crianças e que nada é óbvio para eles.
f) usar materiais concretos.
g) permitir o uso de tabuadas ou da calculadora.


Os professores também podem explorar a percepção de figuras e formas a partir das figuras geométricas e suas representações, iniciando pelas mais simples e incentivar a observação dos detalhes, semelhanças e diferenças para que os aprendizes tenham uma experiência graduada, Podem ainda explorar as representações espaciais e a localização dos objetos, tais como: em cima, embaixo, no meio, entre, primeiro e último. Essa experimentação também pode ser realizada ao formar a fila na hora da entrada.

Já os conceitos de ordem e de sequência dos numerais podem ser trabalhados a partir dos dias da semana, dos meses, das estações do ano, dos números ordinais (primeiro, segundo, etc).

A representação mental é favorecida por meio de atividades simples e usando as mãos dos aprendizes para indicar as quantidades com os dedos ou o tamanho e o comprimento dos objetos. Jogos de quebra-cabeça são bem-vindos. A criança preenche espaços com figuras de determinado tamanho, escolhido entre outras da mesma forma e de tamanhos diferentes.

Com relação ao conceito de número, o professor pode trabalhar com as correspondências biunívocas (pareamento), seja construindo fileiras de objetos idênticos. Pode-se ainda associar os símbolos matemáticos e compreensão auditiva relativas a quantidades por meio da dança ou de atividades rítmadas.

Nas operações aritméticas, é preciso inicialmente que os aprendizes entendam os conceitos de cada operação, como por exemplo: a adição indica um acréscimo; a subtração indica uma diminuição; a multiplicação é a repetição de parcelas iguais e a divisão é repartir em partes iguais.

A educação motora também pode ser explorada. Brincadeiras de : localizar, planejar, reconhecer, observar, acompanhar, corresponder, movimentar, coordenar e cumprir regras, assim como a prática da capoeira.

Paralelo a tudo isto, podemos ainda contar com os jogos pedagógicos. Eles trabalham a atenção, a concentração, a ação mental, o desafio, a rapidez e o planejamento.

Como já dissemos no início deste texto, a ludicidade é indispensável ao aprendizado principalmente para quem tem dificuldade na matemática. Por meio de atividades lúdicas os aprendizes exploram o mundo e os ambientes, mostram onde estão suas dificuldades e, ao mesmo tempo, desenvolvem a memória, a imitação, a imaginação e a socialização que são aspectos importantíssimos para as aprendizagens.

Os jogos e as brincadeiras são mecanismos psicológicos e pedagógicos e contribuem tanto para o desenvolvimento mental quanto para a aprendizagem da linguagem. Ao brincar ou jogar damos a oportunidade para que os aprendizes dicalcúlicos e acalcúlícos lidem com seus medos, inseguranças, ansiedade e as frustrações que enfrentam com a matemática. Ao mesmo tempo, redimensionam a sua relação com as aprendizagens, restabelecem o desejo de aprender e adquirem a confiança em si mesmos e na sua capacidade de aprender. Por isso, o prazer contido nas atividades lúdicas é tão fundamental.

Ao psicopedagogo cabe o trabalho de ajudar o aprendiz a ter uma imagem melhor de si mesmo, propondo atividades que valorizem suas qualidades, suas capacidades para que possam se adaptar á escola. Não se deve fixar apenas as dificuldades que apresenta. É preciso ir além. Por isso é preciso que o profissional conheça as potencialidades dos alunos.

O terapeuta terá sucesso nas intervenções se trabalhar a habilidade léxica (as noções de números elementares de 0 a 9); as habilidades sintáxicas (a produção de novos números elementares); e quando noções de quantidade, ordem, tamanho, espaço, distância, hierarquia, cálculos com as quatro operações e raciocínio matemático forem trabalhados como experiências não verbais significativas.

O terapeuta também trabalha as percepções viso-espaciais de figuras e formas, observar detalhes, semelhanças, diferenças e relacionar as experiências significativas do cotidiano, com fotos, imagens, tipo, tamanho, largura, espessura e somente depois passam para números, letras e figuras geométricas.

Assim, chegamos ao final deste estudo, que foi muito importante para mim. Espero que também tenha sido para vocês.