sexta-feira, 3 de junho de 2016

DISCALCULIA

Normalmente, chamamos qualquer dificuldade matemática de DISCALCULIA. Mas não é bem assim, diz a literatura especializada. Quando as dificuldades atingem somente as questões matemáticas, aí sim, podemos nos referir a elas como “discalculia”.
A DISCALCULIA não é falta de atenção ou de concentração. É um problema neuropsicológico, um distúrbio do desenvolvimento, que faz com que alguns conhecimentos não sejam observados e memorizados, impedindo que o portador faça as contagens e a realização das operações fundamentais (adição, subtração, multiplicação e divisão) e dos cálculos mais avançados como álgebra, trigonometria e geometria, de forma adequada, coerente e numa determinada ordem ou sequência.
A discalculia pode ou não vir associada a uma determinadas comorbidades, como por exemplo: a dislexia, o TDAH, epilepsia, afasias, Sindrome de Turner e crianças com diagnóstico de limítrofes.

As causas da discalculia são inúmeras e variadas. E podem ser:

a) causas físicas: lesões cerebrais; alterações neurológicas; aparecimento tardio da linguagem; deficiência nas habilidades verbais; alterações psicomotoras, falhas de estratégias; imaturidade do lobo frontal, afasias, dificuldades viso-espaciais ou, entre outras.

b) causas genéticas: alterações no desenvolvimento intelectual, principalmente, no raciocínio lógico-abstrato; atraso de maturação da atenção, memória imaginação, psicomotricidade, lateralidade, ritmo, automatização problemática da memória para realizar as combinações numéricas.


c) causas ambientais: falta de consciência dos passos a seguir; dificuldades no pensamento abstrato; falta de motivação; dificuldades socio-ambientais; escassez de conhecimentos prévios; falta de automatização dos procedimentos simples do cálculo; utilização de uma linguagem inadequada para as crianças.

d) perturbações emocionais: estados hiperemotivos, absentismo escolar (recusa em fazer uma atividade). As crenças a respeito da Matemática é um domínio subjetivo, mas que podem prejudicar ou impedir a criança de aprender essa disciplina. Nas crenças há fatores conscientes e inconscientes que atuam nos sujeitos. Porém, os fatores inconscientes são os que mais afetam os pequenos e são, também, os mais complexos e marcantes na vida deles.


Mas há as crenças dos próprios sujeito formando uma crença a seu próprio respeito como estudante. O mesmo também ocorre sobre a forma como o estudante vê o professor, e de como os familiares enxergam a Matemática.

Esses fatores perturbam o modo como os discalcúlicos vêm os objetos se agrupam, sobre acontece o ensino dessa disciplina, sobre o ambiente escolar ou sobre a visão de si mesmo em relação aos números, contas, problemas e as tabuadas. As crenças também estão relacionadas à metacognição e autoconsciência.

e) transtorno de conduta; lentidão nas respostas, timidez excessiva, fala monossilábica, pouca criatividade, enxerga um exercício já aprendido como se fosse a primeira vez. Tudo que se trata de números é para os discalcúlicos um grande bicho de sete cabeças.

A discalculia apresenta vários tipos:

Discalculia léxica: que apresenta dificuldades no reconhecimento e na leitura de símbolos matemáticos. São crianças que saltam números, que contam de forma desordenada, se contam na sequência nunca contam certo para mais ou para menos. São causadas por lesões do lobo temporal-occipital-parietal, que causa a perda do conceito do número.

Discalculia verbal: que apresenta dificuldade em nomear corretamente quantidades, números, termos e símbolos matemáticos. Geralmente, são causadas por afasias dos tipos:
a) sensorial: que causa alterações acústico-gnósicas por lesões do temporal esquerdo
b) motora: que causa alteração da linguagem interna por lesões do frontal esquerdo. E por isso, não conseguem compreender os números como símbolos de representação das quantidades.
Discalculia gráfica: dificuldade na escrita dos números e dos símbolos matemáticos (+, _ , X, :, > e <, = e ≠ e tabuadas) e não entendem seu significado e quando e onde usá-los.
Discalculia operacional: dificuldade na montagem das operações e nos cálculos numéricos por lesões da área frontal esquerda e que interferem na planificação da resolução de problemas numéricos ou por lesões da área frontal direita, encontrando dificuldade para planejar a resolução de problemas espaciais.
Discalculia practognóstica: a dificuldade está na enumeração, manipulação de objetos reais ou em forma de imagens. Ou seja, não relacionam uma certa quantidade com o número que a representa. Isto geralmente acontece por lesões do lobo temporal parietal, o que causa alterações dos gestos motores.
Discalculia ideognóstica: são dificuldades nas operações mentais e no entendimento dos conceitos matemáticos. Ou seja, não apresentam cálculos mentais.
     Discalculia adquirida: são crianças que, mesmo sem lesões, mostram dificuldades matemáticas por outros fatores, como a falta de estímulo familiar e de oportunidade de praticar (pais super-protetores ou simbóticos) ou por fator emocional (medo da disciplina por ouvir dizer que é difícil e complicado).

O DIAGNÓSTICO
O diagnóstico é fácil. Na primeira infância, normalmente, as crianças erram ao mostrarem dois ou três dedinhos correspondente á sua idade. Após essa idade, se errar é bom procurar um psicopedagogo. Outro modo de se perceber, é quando a criança, em idade escolar, começa a trabalhar com números e contas. Os professores são os primeiros a perceberem quando há algo de errado e, quando isto acontecer, devem encaminhar a um psicopedagogo.
PRINCIPAIS SINTOMAS NO COMPORTAMENTO

Além das dificuldades matemáticas, outros sintomas se observam no comportamento da criança. Os disléxicos têm uma aparência normal, brinca e age como uma criança qualquer. Já depois que entram em contato com a matemática podem mudar o comportamento.
1-    São muito caladas e tendem ao isolamento
2-    Falam por monossílabos e o diálogo não fluem.
3- Não procuram o professor para resolver suas dúvidas ou pedir novas explicações.
4-    São extremamente lentas na realização de uma tarefa.
5-  Podem chorar, arregalar os olhos ou empalidecer diante de um exercício, mesmo que seja conhecido, porque ela os vê como se fosse a primeira vez.
6- Baixa autoestima, baixa autoconfiança e muita frustração devido aos constantes fracassos. Insegurança, medo de errar são frequentes.
7- Timidez excessiva  
TRATAMENTO DA DISCALCULIA

Infelizmente, nenhum tratamento medicamentoso ou não se mostrou eficaz por ser causado por lesões na área cerebral. Mas, os terapeutas podem ajudar encontrando maneiras para compensar a desordem, valendo-se de técnicas de aprendizagem apropriadas a cada caso.