sábado, 21 de maio de 2016

SOBRE A RESOLUÇÃO DE PROBLEMAS MATEMÁTICOS


Vários estudos têm sido realizados para que se descubra quais as áreas cerebrais que entram em ação na resolução de problemas. Sabe-se, porém, que a dificuldade em resolver problemas tem a ver com a compreensão dos enunciados.

Sabe-se que a leitura dos enunciados dos problemas tem a ver com as estratégias de compreensão dos mesmos. Por meio da codificação, combinação e comparação seletiva são fundamentais para que se tenha uma “representação mental” do enunciado do problema. Essa representação sofre modificações de acordo com o ambiente externo e do ambiente interno do educando.

Vitor da Fonseca (1995) afirma que atuamos em quatro níveis de atividades cerebrais para a formação da representação mental: percepção, imagem, simbolização e conceitualização.

As percepções dependem dos sentidos.

Reconhecemos e decodificamos a informação por meio da “percepção”. Neste momento, os sentidos e a atenção seletiva entram em ação. A formação das “imagens” é essencial para dar significado à uma situação descrita no enunciado e para buscar na memória de longo prazo as informações necessárias. É, portanto, na memória de longo prazo que estão arquivadas as representações das nossas experiências, vivências e aprendizagens. E elas são necessárias para a “simbolização”.

A simbolização é uma função cerebral nobre e denominada de “cognitiva superior”. Essa função se vale das representações da realidade e das experiências contidas na memória de longo prazo e possibilita “conceitualização”. A conceitualização, por sua vez, é a aprendizagem abstrata que os problemas matemáticos tanto exigem. Mas ainda é pouco.

Para a resolução de problemas matemáticos também é necessário a utilização de “habilidades especiais”, conhecidas como “habilidades metacognitivas”.


METACOGNIÇÃO é uma função especial e que cada pessoa possui. Por meio dela, as pessoas conhecem seus processos e produtos cognitivos e generalizam para outras atividades relacionados a eles. Só para exemplicar, quando uma pessoa consegue imaginar o enunciado de um problema de adição, todos os outros se tornam fáceis.
A metacognição envolve também um sistema de monitoramento ativo e regulado para que um objetivo concreto seja alcançado. Isto porque recebemos constantes informações proveniente do ambiente externo (exterior ao corpo) e as unimos a outras provenientes da memória de longo prazo e que contém soluções já utilizadas. Dentre essas soluções encontramos uma que seja mais adequada na resolução de um determinado problema matemático. Após isto, julgamos a nossa escolha e elaboramos mentalmente uma justificativa para sua utilização caso alguém nos questione de acordo com nosso desempenho. Dessa forma a metacognição exerce as funções de planejamento, execução, estratégias utilizadas, tomadas de decisões, avaliação e organização em cada etapa da resolução de problemas.

Mas a metacognição precisa de monitoramento. E este monitoramento só é conquistado quando o sujeito se conscientiza de que é capaz de aprender e entender como se resolvem os problemas matemáticos. Assim, de forma racional, um educando pode saber quais são os seus pontos fortes ou fracos do aprendizado e será capaz de gerenciar seus procedimentos.

córtex cerebral

Em suma. o córtex cerebral (camada externa do cérebro) assegura o relacionamento das informações com o ambiente. Com as informações recebidas constrói representações e constantemente as atualiza. Graças ao trabalho do córtex cerebral que permite aos sujeitos planejar ações habituais e não habituais, elaborar antecipações e selecionar esquemas adequados para cada situação-problema a ser resolvida.

DIFICULDADES



As dificuldades na resolução de problemas têm inúmeras causas. Sabemos que as funções cognitivas, as chamadas superiores, fazem inúmeras conexões com outras áreas cerebrais. Assim, qualquer problema numa função superior pode afetar essas áreas como a atenção, a impulsividade, perseverança, linguagem, leitura, escrita, memória, autoestima e as habilidades sociais. Da mesma forma, as funções metacognitivas também podem ser afetadas por incoerências vindas de outras áreas.

E quando os professores das séries iniciais do Ensino Fundamental afirmam que as crianças que leem mal não conseguem resolver problemas, eles têm uma certa razão. Mas não é a única justificativa. Precisamos procurar e entender o que causa a má leitura.

A percepção, por exemplo, pode não funcionar como deveria e causar deformações de processamento que, em consequência, construirão representarão mentais equivocadas.

Educandos com déficits seletivos ou de preservação de sistemas particulares no tratamento da informação por problemas neuropsicológicos também ficam impedidos de analisar as estratégias de compreensão para a resolução de problemas já que são bem mais complexas.

As dificuldades na metacognição prejudicam as associações com representações errôneas ou que não são adequadas para a solução de um determinado problema matemático. A falta de vivência e de experiências reais também podem prejudicar ou impedir as funções cognitivas superiores, as habilidades metacognitivas e o automonitoramento trabalhem com eficiência.

Deve-se deixar claro que, problemas neuropsicológicos nada têm a ver com lesões cerebrais ou com deficiência intelectual, mas que se trata de uma dificuldade em estabelecer estratégias de compreensão quando se deparam com um problema matemático. Segundo os pesquisadores, o mau funcionamento dessa região cerebral pode ocasionar diferentes tipos de dificuldades na resolução de problemas matemáticos. 

COMO AJUDAR



Esta é uma pergunta que sempre me fazem. O primeiro passo é observar o que a criança é ou não capaz de fazer. E quando não é capaz, procurar o motivo dessa incapacidade e proporcionar a ela, por meio de orientações, ajudando o aprendiz a tomar consciência de sua dificuldade e a superar este problema.

O segundo passo, o aprendiz precisa de uma avaliação e acompanhamento terapêutico para que fortaleçam suas estratégias de monitoramento e reconheça suas qualidades de aprendiz. Neste caso, colaborar com o terapeuta em suas solicitações. E por fim, ter muita paciência e dedicação a ele, sempre com a certeza de tudo vai melhorar