terça-feira, 19 de abril de 2016

DIFICULDADE NOS CÁLCULOS: adição e subtração


As contagens formam a base para a aquisição da habilidade de calcular. É uma tarefa bem mais complexa do que contar e precisa utilizar mais funções cerebrais além das usadas nas contagens, como por exemplo, a participação do córtex pré-frontal do hemisfério cerebral dominante durante os cálculos.


Para calcular é básico e necessário o conhecimento da escrita simbólica das quantidades, assim como da compreensão do raciocínio sintático (escrita por extenso) dessas quantidades e dos números. Exemplificando, a criança que “7 e sete”, que “25 e vinte e cinco”, que “148 e cento e quarenta e oito” são representações das quantidades citadas. Valem, portanto, todas as estratégias didáticas para conseguir que as crianças consigam aprendê-la.


Cálculos de adição simples como estes são comuns na escola. Para sua realização, a criança precisa de: 

a) de uma boa percepção e de um perfeito processamento (verbal e/ou simbólico) da informação para o entendimento o que deverá ser feito; 

b) de um sistema operador de números que identifique, analise, reconheça e produza os números mentalmente; 

c) de um sistema de representação de números/símbolos para que possa ler e escrever os números; 

d) da discriminação viso-espacial, do raciocínio sintático e da memória de longo prazo para lembrar os números, algarismos, e a noção dos agrupamentos, de linha e coluna para “armar ou montar na vertical” as operações de maneira adequada;

e) de um sistema operador de cálculos que envolve a memória de curto prazo ou operacional e da memória de longo prazo onde buscam os procedimentos de execução da tarefa (como fazer), da atenção e da concentração, dos sistemas de contagens;

f) de um sistema de  resultados e do raciocínio sintático que acionam inúmeros nervos, músculos e ossos para a escrita do resultado da operação.


Às operações com reservas (as do famoso “vai um”) são retomadas algumas funções cerebrais que, novamente entram em jogo: as usadas nas contagens numéricas (simbólicas e verbais) para saber qual algarismo fica na ordem somada e qual algarismo passa para a ordem seguinte; a compreensão dos agrupamentos (centenas, dezenas e unidades) para fazer a separação e a memória de curto prazo para lembrar e de inclui-los na soma dos algarismos da ordem seguinte. 

Também valem todas as estratégias didáticas que chamem a atenção das crianças para a posição dos algarismos em linhas e colunas (números coloridos, jogos, uso do ábaco, roleta de números, bingos) para que as crianças entendam a questão das reservas. Aliar a matemática com o prazer do jogo torna tudo mais fácil. Para os pequenos das séries iniciais jogos e materiais concretos facilitam as aprendizagens. Para os maiores (3º, 4º e 5ºs anos), jogos de competição é uma boa pedida.


Para a realização das operações de subtração simples, por estarem fortemente baseada numa representação quantitativa, o aprendizado verbal não tem muita utilidade e as funções cerebrais para isto são desativadas. No entanto, entram em jogo as percepções visuais no reconhecimento do código arábico e na representação espacial na disposição de cada quantidade e no alinhamento dos algarismos. Entram também, as lembranças de algumas noções básicas como a da quantidade maior e menor; para colocar a quantidade maior acima da menor, portanto funções da memória de longo prazo. E todas as funções de processamento da informação, da representação, do sistema operador de cálculos, do sistema de resultados e do raciocínio sintático para a leitura desse resultado.

Já para as operações de subtração com recurso (as do “empresta”), além de todas as funções citadas, são usadas também as funções cerebrais ligadas aos agrupamentos, transformações de uma quantidade na outra, lembrar que aquele que “empresta” fica sempre com menos do que tinha.

Assim, o sucesso dos alunos nos cálculos depende do perfeito desempenho de cada função e de cada processo cerebrais. Já o fracasso indica um mau rendimento dessas funções e processos. As causas variam. Pode ser neurológicas, do desenvolvimento, do ambiente e emocionais.

As causas neurológicas e do desenvolvimento são mais graves, persistentes e sua correção depende do tipo de transtorno (lesões, traumatismos, afasias), como a deficiência intelectual em geral e o autismo. Requerem constantes recomeços e muita repetição para que consigam diminuir os efeitos desses transtornos.

As causas ambientais e emocionais dependem da estimulação recebida na família e na escola. Crianças muito tímidas, que falam pouco ou por monossílabos (sim, não, é, não é, ...) e que apresenta tendência ao isolamento possuem mais dificuldade de entendimento das questões matemáticas que seus companheiros de turma. Já os superprotegidos encontram mais dificuldade na subtração do que na adição pelas próprias condições de criação familiar (tem tudo o que quer, só ganha e não perde nunca).

                                         
Continuamos na próxima postagem. Até lá.