terça-feira, 12 de abril de 2016

DIFICULDADES DE CONTAGEM


Quando se fala de dificuldades matemáticas falamos especificamente das habilidades, ou seja, de ”saber ou não” fazer algo relacionado a essa disciplina. Contar, calcular, resolver problemas, nomear quantidades e registrar por meio de símbolos numéricos são habilidades fundamentais para a escolarização, porque são elas que definem o sucesso ou fracasso do educando na disciplina e na escola.

Sabemos que as habilidades matemáticas começam a ser aprendidas desde os primeiros anos de vida, quando os pais insistem para que mostrem a sua idade com os dedinhos. Mais adiante, pela comparação da quantidade de brinquedos entre elas e os irmãos, por ouvir os outros contarem vão formando seus próprios conceitos e desenvolvendo suas experiências com as questões matemáticas. Por serem muito pequenas, certas dificuldades passam despercebidas, pois são encaradas como “gracinhas” ou como desconhecimento aritmético. Mas ao chegarem ao ensino fundamental, as “coisas mudas de figura”, pois logo pensamos em falta de atenção, desinteresse, pressa de acabar a tarefa dentre outros.

Sabemos que a escola sempre esteve e continua preocupada em valorizar os acertos e a quantidade deles define o sucesso ou o fracasso. No entanto, são nos erros que os graus das dificuldades são revelados, revelam dependendo da frequência com que ocorrem. Para detectá-los é preciso que se observe como a criança age ao realizar uma contagem.

Diante de um grupo de objetos ou figuras a serem contados de um em um, as crianças podem: - pular um ou mais elementos; - contar corretamente e colocar um símbolo numérico em desacordo (a mais ou a menos) com essa quantidade; - nas contagens em série (famílias numéricas do 10, 20, 30...) podem pular ou repetir uma ou mais dessas famílias, como por exemplo, indo do 19 para o 30, assim: 50, 60, 70,60, ou encontrar dificuldades nas contagens de 2 em 2, de 3 em 3 ... de 10 em 10, de 100 em 100 etc. Já na representação escrita das centenas escrevendo da seguinte forma:1001, 1002...1009 em vez de 101, 102 .... 109.

Sabemos que as habilidades matemáticas requerem e dependem de um complexo e intrincado trabalho cerebral. Para uma contagem perfeita, seja ela oral ou por escrito, é preciso que a criança compreenda que os símbolos numéricos representam as quantidades e vice-versa.

A compreensão matemática é o resultado de um trabalho cerebral entrelaçado e complexo chamado “processamento da informação” e que esse trabalho inclui outras habilidades tais como: - articular os conhecimentos matemáticos, linguísticos, factuais e relacioná-los uns aos outros; - possuir uma memória eficiente para serem lembrados sempre que necessário; - possuir um sistema de automatização dos procedimentos eficiente, ou seja, dizer ou escrever os números na ordem e na sequência correta. Qualquer coisa que atrapalhe essa compreensão pode se transformar numa dificuldade em diferentes graus: leves, moderadas ou persistentes.

Se após algumas explicações a criança melhorar, é porque era uma dificuldade passageira ou de grau leve. No entanto, se persistir, então é dificuldade maior.


Uma dificuldade de origem cognitiva (portanto, neurológica) é sempre persistente. Mas pode ser mascarada por algumas atitudes dos adultos, como por exemplo, quando se antecipam ao erro da criança, ou seja, lembram ou dizem a forma correta no momento em que sabemos que ela costuma errar. Embora faça a contagem oral ou por escrito de forma correta por algum tempo, mais cedo ou mais tarde, a dificuldade e se apresenta tal e qual no início da escolarização.