sexta-feira, 7 de março de 2014

ATRASO DE LINGUAGEM


O atraso de fala é um dos tipos de distúrbios que ocorre no processo de aquisição da linguagem e merece atenção especial. Várias são as causas desses atrasos.

Chamamos de atraso ou retardo da fala quando a criança leva um tempo maior para começar a dizer as primeiras palavras ou para pedir o que necessita. Sabe-se que até os 2 anos e meio as crianças devem expressar seus desejos e necessidade por meio da produção de palavras, mesmo que não as pronunciem completamente.

Os primeiros anos de vida são importantíssimos para a aquisição e o desenvolvimento de várias competências. Dentre elas, as competências linguísticas. Os primeiros anos constituem um período em que o cérebro se desenvolve com maior rapidez e se torna mais sensível e receptivo aos estímulos e experimentações.

Quando um recém-nascido está sujo e incomodado, ele chora. A mãe vai até ele e o troca. Com isso, o bebê aprende que chorar é a forma que deve proceder sempre que necessitar. Mas, o bebê cresce e experimenta novas formas de comunicação com os adultos. Uma delas é o olhar.

Quando ele olha na direção do adulto e este o afaga, brinca com ele ou diz alguma coisa, reforça novamente na criança, a ideia de mensagem recebida e entendida. Esta nova descoberta a mantém motivada, passando a experimentar outros modos comunicativos como: o sorriso, o gesto, o som, as palavras e as frases. Neste sentido, a participação dos adultos é fundamental. No entanto, se o adulto não ligar para a esses sinais, a criança entenderá que esta forma não servem para a comunicação, pois a resposta não veio. Esta é, portanto, uma causa ambiental.

Tomemos como exemplo, uma criança que mostra ter uma boa e adequada compreensão para a idade, parece inteligente e esperta. Ela brinca, olha, interage, sorri, imita. No entanto, fala pouco quando comparada a outras de sua idade. 

Observando o comportamento dos adultos, nota-se que são muito rígidos e repreendem a criança constantemente e em tudo o que faz. Também é comum ouvir-se expressões como estas: “cala a boca”; “Aqui quem fala sou eu”; “Você não sabe nada”. Esses adultos impedem que a criança exercite a comunicação. A criança trava e não adquire o repertório vocabular necessário. Neste caso, a causa é psicológica.
Uma terceira causa é mais grave. Em muitos casos, distúrbios neurológicos são a causa principal dos atrasos de linguagem. Esses distúrbios estão associados a vários tipos da deficiência intelectual e na paralisia cerebral.


São distúrbios associados: os “MOTORES”, que atingem a articulação do maxilar inferior e prejudica a mastigação, a deglutição e, consequentemente, a fala. A HIPOTONIA (flacidez) do músculo da língua, quando esse órgão parece não caber na cavidade bucal, como ocorre na Síndrome de Down e na paralisia cerebral. Mas, também podem ocorrer em crianças que chupam a chupeta ou dedo por longo tempo. 

Os de RECEPÇÃO DAS INFORMAÇÕES AUDITIVAS, como ocorre nas pessoas surdas. Os de PROCESSAMENTO AUDITIVO, em que as pessoas afetadas ouvem normalmente, mas o cérebro não consegue distinguir os sons semelhantes, como c/g, p/b, m/n, f/v, t/d.  A fala destas pessoas apresenta trocas sonoras significativas como a troca do “j por ch” e vice-versa, dizendo “chanela” ou “jinelo” querendo referir-se a “janela e chinelo” respectivamente. A ANOMIA, que é a dificuldade em aprender e memorizar o nome de pessoas e objetos do cotidiano.

Os pais devem estar sempre atentos a fala das crianças. Embora algumas omissões e trocas de sons sejam normais por conta do desenvolvimento infantil, alguns indícios podem identificar problemas. Se a criança pular a fase do balbucio, não esboça nenhum gesto quando é chamada pelo nome ou não reage diante de um ruído intenso pode ser um problema de recepção auditiva ou apresente sinais de surdez. Neste caso, o especialista mais indicado é o otorrinolaringologista.

Nos demais casos, se até os 4 anos, não houver progressos, os pais devem consultar: o neurologista (se apresentam dificuldades motoras, hipotonia ou anomia); o fonoaudiólogo (se as trocas e omissões de letras persistentes), o psicólogo (se há medo ou recusa na exposição de pensamentos).


As consequências do atraso geralmente são danosas. Podem afetar as aprendizagens de modo geral, o rendimento escolar e perdurar até a idade adulta. Portanto, quanto mais cedo a causa do atraso for detectada, diagnosticada e mais precoces forem as intervenções, menos danos causarão.