sábado, 14 de janeiro de 2012

CONTOS DE FADAS E A IMPORTÂNCIA DAS FANTASIAS PARA AS CRIANÇAS.



Alguém, por acaso, já se perguntou o que uma criança pensa diante de uma vontade ou desejo contrariado? Com certeza, nem passou por nossos pensamentos, não é mesmo? Então, vamos ver.

Ao nascer e durante os primeiros meses de vida, as crianças não têm consciência de quem sejam, do mundo que as rodeia ou dos outros semelhantes. Porém, aos poucos, ela cresce, manipula o ambiente e vão tomando essa consciência. Para isso, tem necessidade de um longo processo para a formação do seu  “eu consciente” (ego)

Alguns anos mais tarde, as crianças passam a experimentar atitudes ou dar vazão a seus desejos e vontades. seu ego ainda é fraco e em construção. Mas, a mente das crianças é povoada de impressões. Na maioria das vezes e devido a imaturidade neurológica, essas impressões estão parcial ou totalmente desorganizadas, formando grandes lacunas de compreensão. E para preenchê-las estão as fantasias.

Por serem fantasias estão repletas de distorções. Mas, distorções benéficas, que levam a criança a compreender a realidade do seu próprio jeito e não do jeito dos adultos querem. Uma compreensão ditada de acordo com o seu psiquismo.

Diante de uma vontade contrariada, de um desejo que não se realiza ou de obedecer a uma ordem do(s) adulto(s), a criança começa a travar uma luta entre o que deseja ardentemente e o poder (razão) que os adultos exercem sobre ela. 

Chorar, lamuriar, resmungar, implorar, emburrar são reações da criança nesse momento e, logicamente, acaba vencida por esse poder (na maior parte das vezes, com uma ameaça). E diante desse poder, ela se aquieta. Chamamos a isto de “obediência”.

Mas, ainda não compreende o porque da contrariedade. Minutos depois os adultos esquecem o acontecido. Mas, a criança não esquece, Ao contrário, fica ruminando essa questão por um longo tempo na tentativa de compreender o porquê das coisas. É, nesse momento,surgem os pensamentos negativos, inaceitáveis e contraditórios que podem ser contra si própria ou contra a pessoa que a contrariou.São pensamentos assustadores para ela, gerados pelo sofrimento do ego em construção. Pensamentos que a fazem sofrer ainda mais de culpa e de medo que se tornem realidade (pensamento animista),

Para aliviar a tensão, a criança brinca. Durante a brincadeira, projeta nas bonecas, carrinhos, bolas ou outro qualquer, os pensamentos negativos de a pouco, repetindo a atitude dos adultos sobre elesO alívio acontece porque não é mais ela quem sente a culpa ou o medo, mas o brinquedo. Assim, aprendem a controlar esses pensamentos e passam a compreender a atitude dos adultos.

Os Contos de Fada mostram às crianças que estes sentimentos são naturais e humanos, que ela não é a única a senti-los e que as personagens tem os mesmos desejos, sentimentos e reações que ela. Mas, que no final, tudo acaba bem. É essa mensagem de esperança de dias melhores de finais felizes que ajudam a criança a superar os problemas de relações parentais e de compreensão da vida.

Aos pais e professores:

Saber estas coisas não significa que devemos atender a todos os desejos das crianças. Ao contrario, devemos coibir sempre os mais indesejáveis. Evitar que a criança sofra decepções e frustrações é tirar dela a oportunidade de se defrontar com os problemas e dificuldades que a vida impõe. Isto sim é prejudicial para ela. Portanto, continuem educando como se deve, sem medo dos pensamentos e fantasias da criança, pois é por meio dele e das fantasias que ela constrói, que ela evolui mental e psicologicamente, tornando-se uma pessoa digna e respeitável.

Fonte:

BETTELHEIM, Bruno. “A Psicanálise dos Contos de Fadas”, Ed Paz e Terra, 



quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

ETAPAS DA ESTRUTURAÇÃO TEMPORAL NA CRIANÇA



Ninguém pode ensinar a criança. Ela deve construir essa estruturação sozinha, a partir da observação e da relação entre o tempo e os acontecimentos. Essa construção exige que a criança realize um difícil trabalho mental. Para realizar esse esforço precisa ter um bom funcionamento e desenvolvimento cognitivo.

A criança consegue essa façanha observando os acontecimentos e aos poucos, vai aprendendo a nomeá-los corretamente, captando cada noção aos poucos. Assim, seus movimentos, seus gestos e ações vão se ajustando e se adaptando ao espaço e ao tempo, permitindo que se movimente livremente onde quer que esteja.

Movimentando-se livremente, vai assimilando os conceitos de velocidade e duração dos movimentos e vai tomando consciência da relação de seu corpo no tempo e no espaço. A partir de então, começa a perceber as relações de ordem, de seqüência, de sucessão, duração e de alternância dos objetos e de suas ações. A partir daí, percebe que o momento do tempo (o instante, o momento exato, a simultaneidade e a sucessão) podendo assim, organizar e coordenar a sua relação com o tempo, conquistando uma boa parcela da orientação temporal.


Falta-lhe ainda a outra parte restante que conseguirá através das representações mentais, quando passar a brincar com o “faz  de conta”, ou seja, quando aprender a simbolizar. Só então, terá a capacidade de associar os objetos e acontecimentos ao tempo e fazer as generalizações. Mais tarde fará a transposição as atividades escolares principalmente para a leitura, a escrita e cálculos.

domingo, 8 de janeiro de 2012

ALINHAVOS


Olá, pessoal!

Trago para vocês mais uma sugestão de atividades que pode ser realizada com crianças com e sem deficiência. São os alinhavos.

Normalmente, os alinhavos são feitos com placas de madeira, desenhadas e perfuradas no contorno dos desenhos. No entanto, pode-se fazê-los com papelão ou papel cartão. Para alinhavar usam-se cordões de amarrar tênis comprados por alguns centavos em qualquer loja de armarinhos. Estes cordões também podem ser improvisados com barbante, fita ou outro fio grosso qualquer. Devem ter um nó grosso (maior que a perfuração) numa ponta e, na outra, deve ser passada algumas camadas de cola branca, para que fiquem bem firmes. As figuras devem ser interessantes e significativas para as crianças.

Os alinhavos trabalham a coordenação motora fina, a preensão, o sentido de direção, noções de por cima e por baixo, dentro e fora, a atenção e a concentração e a coordenação viso-motora (olhar o que se está fazendo) etc,

Esta atividade pode ser uma auxiliar na alfabetização e numeração quando se usa letra e/ou  número para serem alinhavados. As figuras dos alinhavos também servem como auxiliar da escrita quando as usamos para nomeações, formações de frases, pequenas produções de textos.

Crianças com deficiência intelectual, autistas ou com problemas motores encontram alguma dificuldade no início. mas depois, melhoram com a repetição da atividade, a compreensão da organização do trabalho e da vontade que possuem de melhorar sua condição. Por isso, as figuras devem ser simples e com linhas retas. Com o tempo, vai se incluindo aos poucos, as formas arredondadas.

Os alinhavos que mostro, foram realizados por uma adolescente com malformação cerebelar, baixa visão, rarefação pigmentar e nistagmo patológico. O trabalho mostra vários momentos da atividade e o progresso conquistado com a atividade.

 No inicio, a garota unia os pontos aleatóriamente.
 6 meses depois, já apresentava uma compreensão melhor do trabalho
 e pode-se notar um grande progresso.
Ao final do ano, seu trabalho já estava perfeito.

O trabalho de alinhavo com essa garota também serviu para o conhecimento de partes das vestimentas como (bainha, barra, cós, gola, decote etc), para o ensino do asseio pessoal e do cuidado com o vestuário, conversas sobre a vaidade feminina, sexualidade, etc.

QUEM TRABALHA COM INCLUSÃO DEVE SER PACIENTE E DAR TEMPO AO TEMPO.