quinta-feira, 12 de abril de 2012

POR QUE EVITAMOS OS CONTOS DE FADAS?



Nas últimas décadas, os pais e os professores têm evitado falar, ler e contar os Contos de Fadas. As emissoras televisivas também deixaram de apresentar desenhos e flimes que falam sobre eles. Alguns autores infantis têm tentado mostrar o lado inverso desses contos e os novos autores desse tipo de literatura têm tratado de temas do cotidiano e dos problemas sociais. E há uma razão para isso.

Vivemos num mundo complexo. O corre-corre diário para ganhar o sustento da família, na conquista das novas tecnologias e a mídia, mais consumista que nunca, nos ínsita ao consumos dos novos produtos anunciados. É, portanto, em meio a  esse complexo contexto de preocupações reais que desejamos que nossas crianças estejam, cada vez mais, envolvidas com a realidade. E esse desejo nos faz temer que, fascinadas pelas fantasias, não sejam capazes de compreender e lidar com o mundo real. Por isto, deixamos de contar os antigos Contos de Fadas.

O temor dos adultos acentua quando a criança pergunta se o conto é verdade ou se acontece realmente. Pais e professores vêem nessa pergunta um sinal de que a criança está preocupada em saber se os Contos de Fadas são verdadeiros ou falsos.

Segundo Bethelheim, não é essa a verdadeira preocupação infantil. Mas, a de saber se os contos podem ajudá-las a resolver suas dúvidas e anseios. Mas, tomados de surpresa, os adultos ficam em dúvida sobre como devem responder a essa questão. E tomam a decisão:  o melhor é evitar falar sobre eles.

É preciso saber que os Contos que começam com “Era uma vez”, “Há muito tempo atrás”, “Numa terra muito distante”, “Na Terra da Fantasia” e muitas outras, deixam claro, para a criança, que a história não trata de assuntos atuais.

Quanto ao medo de que possam se tornar pessoas fantasiosas, é preciso estar consciente de que á medida que crescem e amadurecem, deixam de lado as fantasias e se preocupam com a realidade de uma forma mais saudável.  Agora me respondam: como é possível impedir que uma criança fantasie se isso faz parte da vida e do desenvolvimento infantil?

Fonte:
BETHELHEIM, Bruno. A psicanálise dos Contos de Fadas. Ed. Paz e Terra

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