terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

NEUROFISIOLOGIA DO APRENDER



Desde o inicio deste blog, sempre falamos em aprender, em ensinar e do que é necessário para que isso aconteça. Mas, antes de falarmos novamente sobre alfabetização é preciso  entender o que é "aprender". Por acaso, alguém já tentou definir o que é “aprender”? 

Muitos dirão que é saber  ou conhecer (palavra da moda) o que se desconhece. E é verdade, porém, não é só isso. Segundo a Psiconeurologia, aprender significa “criar dendritos nos neurônios cerebrais”, razão pela qual o construtivismo afirma que “construímos nosso conhecimento”.

Relembrando: Os neurônios são o nome genérico de todas as células e, portanto, pequenas partes vivas existentes em nosso corpo. Todas as células corporais são neurônios e todas elas se apresentam com tipos, formas e especialidades diferentes e próprias de cada tecido a ser formado. Assim, esses neurônios formam os órgãos, os ossos, os músculos e as cartilagens, incluindo todo o Sistema Nervoso e o encéfalo. Mas, os neurônios cerebrais são “especialmente especiais”.

Os  neurônios cerebrais com sua forma estrelada se diferencia de todos os outros. Sua função é múltipla e complexa:  receber informações do ambiente, entendê-las, organizar essas informações, planejar respostas motoras, preparar os órgãos para as ações motoras,  enviar respostas, executar as ações e controlar todas as seqüências da ação para que tudo saia como fora planejado. Já não bastassem todas essas funções, eles ainda controlam todos os órgãos e todas as suas funções ao mesmo tempo, incluindo as do próprio cérebro. Depois, da ação concluída, tudo é arquivado na memória para ser utilizado numa outra ocasião semelhante.

Para realizar sua função, os neurônios precisam estar em constante comunicação uns com os outros formando uma intrincada rede. Graças á plasticidade cerebral esta comunicação é possível, mesmo quando um neurônio morre ou fica impossibilitado de cumprir o seu papel, como vimos na postagem anterior.

Quando nos deparamos com algo novo e o estímulo chega ao cérebro, os neurônios buscam na memória algo que seja similar. Se encontram, fazem brotar na periferia do corpo celular um pequeno botão dendrítico. Esse botão cresce a cada nova informação que chega. Porém, se não receberem mais informações, o botão dendrítico atrofia. Éra sobre os dendritos dos neurônios cerebrais que Piaget se referiu, quando em sua teoria,  às “estruturas mentais”.

 O trabalho dos neurónios pode ser comparado  a montagem de uma torre. 



A montagem da torre é o estímulo. As percepções que fazemos ao montá-la é o que Piaget chamou de "assimilação". mas, a assimilação nem sempre está completa, Ao montar a torre, podemos encontrar mais facilidades ou mais dificuldades devido ás experiencias, vivencias, saberes e conhecimentos anteriores.

Depois de pronta a torre, alguém nos traz uma nova peça que precisa ser colocada. O que fazemos? Para que a torre tenha uma sequencia lógica a desmanchamos no todo ou em parte dependendo da localização da peca. Colocamos a peça nova e recolocamos todas as outras. (Piaget chamou a isto de "acomodação"). A colocação dessa nova informação, desestrutura tudo. É comum dizermos que "sabíamos e que agora tudo está confuso". Enfim, a torre fica pronta (é a equilibração). Mas, essa equilibração não dura para sempre. Ela dura até que chegue outra informação nova ou complementar.

Como vocês podem perceber, aprender demanda um certo tempo, e não é instantãneo nem mesmo para o mais inteligente da sala. 

Muitos pais e professores ensinam algo para as crianças e já querem que elas façam tudo perfeitamente. Para cumprir o programa, os professores terminam a explicação de um conteúdo para cobrar a aprendizagem dos alunos em prova de memorização no dia seguinte. E ainda reclamam que os alunos não aprenderam ou que erraram a “fácil” questão. Mas, isto é uma sandice, pois é neurofisiologicamente impossível. Os alunos precisam de um tempo para assimilar, acomodar e equilibrar,  por mais rápido que seja o trabalho cerebral.

Além das vivências e experiências dos alunos, das percepções sensoriais, tem também a importância do ambiente. Ambientes ricos em estímulos e oportunidades fazem com que os dendritos despontem e se ramifiquem. 

Ambientes pobres e de poucas oportunidades não desenvolvem os dendritos. E ficam assim


Embora não os vejamos, podemos perceber seus efeitos: falta de iniciativa, demora em aprender, 

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