quinta-feira, 2 de junho de 2011

AS CONSEQUÊNCIAS DA DEFICIÊNCIA PEDAGÓGICA

RESPOSTA AO LEITOR
Como já expliquei a vocês, quase sempre surgem pesquisas de leitores no Google. São as mais variadas possíveis. O Google as remete a um site cujos marcadores apresentam as palavras da pesquisa. Nem sempre, porém, é o que as pessoas precisam. Neste caso, e se for sobre educação, basta enviar um e-mail para o endereço de contato que terei imenso prazer em ajudar com uma resposta, pois esta é a finalidade deste blog. É o caso de uma pesquisa que surgiu hoje e que é de grande importância. Por isto, em vez de responder na seção "PERGUNTAS E DÚVIDAS DOS LEITORES", vou responder em forma de postagem.

 A pergunta é a seguinte: Quais as consequências da deficiência pedagógica?


Em primeiro lugar, é preciso entender o termo "deficiência pedagógica" expresso na pergunta. Entende-se por deficiência pedagógica, a falta de ações didáticas (ou pedagógicas) seja para as crianças normais ou, seja de inclusão. Isto é,: o que a escola (instituição) está deixando de fazer. Na Psicopedagogia, isto é considerado como "fatores educacionais" que alimentam o fracasso escolar.

Entendido esse significado, podemos afirmar que as consequências são graves, pois a escola está deixando de cumprir sua função primordial, que é a de promover a educação a todos que a procuram. E a ineficiência pedagógica pode ser caracterizada se ocorrer com todos os alunos, a um grupo de alunos ou a um aluno em especial (principalmente, se for de inclusão), pois é um descumprimento da Constituição Brasileira, da Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB), do Estatuto da Criança e do Adolescente e, se o aluno (ou alunos) for de inclusão,  também da LDB da Educação Especial. A ineficiência pedagógica está ligada ao professor (que lida diretamente com o aluno) e a escola (como instituição responsável por ambos). 


Pode ser caracterizado como "deficiência pedagógica":
com relação ao professor
- privilegiar um grupo em detrimento da maioria e vice-versa.
- isolar, perseguir ou maltratar um ou um grupo de alunos (mesmo que de forma velada)
- ignorar os progressos de um ou de um grupo de alunos
- ignorar as dificuldades ou deficiências dos alunos, exigindo que produzam da mesma forma que os demais
- não fazer nada para que o ou os alunos progridam (mesmo que seja o mínimo possível)
- ministrar conteúdos que estejam acima da capacidade de compreensão dos alunos
- agir com preconceito


com relação a escola 
- fazer programas e planejamentos equivocados
- classificar, distribuir e manter alunos em classes que estão aquém ou além de suas capacidades
- a utilização inadequada dos  métodos de ensino
- desconsiderar as múltiplas inteligências  
- não levar em consideração as relações professor-aluno, privilegiando apenas um dos lados
-- desconsiderar as difierenças sócio-culturais da comunidade
- desconsiderar a história de vida do sujeito etc



Mas, os fatores educacionais ainda vão além da escola. Atingem as familias que, na maioria das vezes,  auxiliam nos problemas e dificuldades dos alunos, quando por ignorância ou não, impedem o desenvolvimento da criança, não oferecem estímulos adequados, superprotegem ou fazem da criança o "bode expiatório" de suas faltas e omissões.


Atinge a sociedade como um todo quando promove a exclusão das classes sócio-econômicas mais desfavorecidas, impedindo o acesso a uma vida melhor e mais digna.


Atinge também os governantes, pois são eles que fazem as leis. Um exemplo que tem causado confusão, diz respeito a idade mínima para a escolaridade. Antes aos 7 anos e agora aos 6, devido ao Ensino Fundamental de 9 anos. Essa idade mímima leva em consideração apenas a idade cronológica e desconsidera a idade mental (como é o caso de crianças com deficiência intelectual). Razão pela qual, muitas  são mantidas em turmas aquém ou além de sua capacidade, por cumprimento da própria legislação.


As consequências são:
para o indivíduo - traumas, bloqueiros, exclusão, marginalidade, subemprego. O que reflete e gera prejuízos para a sociedade e para o mercado de trabalho.


Espero ter ajudado. 

quarta-feira, 1 de junho de 2011

SÍNDROME DE BOURNEVILLE-PRINGLE

.A Síndrome de Bourneville-Pringle é também conhecida como “Epilóia” ou “Esclerose Tuberosa”. Foi observada por uma neurologista francesa e estudada por um dermatologista inglês. É uma anomalia neurológica congênita  combinada com defeitos da pele, retina e outros órgãos. Essa anomalia causa crises convulsivas, retardo mental e adenomas sebáceos
Um adenoma é uma “espécie de verruga” que cresce de forma  irregular. Podem aparecer em qualquer órgão: na pele, no útero, na hipófise, na tireóide, etc. São de origem glandular. Os adenomas sebáceos possuem dentro dessas verrugas uma espécie de gordura endurecida ou “sebo”,  e produzem hormônios de forma desregulada. Geralmente são benignos, mas podem tornar-se malignos com o passar do tempo, quando passam a ser chamados de “adenocarcinomas”. Mesmo sendo benignos podem causar complicações devido ao seu crescimento exagerado.
adenoma na face

No caso da Síndrome de Bourneville-Pringle, os ademonas são lesões cutâneas e não aparecem isolados, mas em grupos, como “verrugas” próximas umas das outras. Como seu crescimento é irregular,numa coloração rosada ou amarelo-rosado, são altos e de tamanhos que variam de um milímetro a um centímetro. Quando aparecem na região dos olhos, testa e bochechas possuem um aspecto de “borboleta”. Essas verrugas podem aparecer em outras partes do corpo como costas, braços, pernas, barriga; A pele das costas pode ser grossa, áspera e amarelada (como a pele do tubarão ou do porco).
As convulsões são generalizadas ou focais. As convulsões são fenômenos eletro-fisiológicos anormais e temporários que acontecem dentro do cérebro. Nesse fenômeno, os neurônios ficam sobrecarregados de eletricidade biológica. Essa sobrecarga provoca uma “espécie de curto-circuito” e desregula e altera o tônus muscular, provoca movimentos desordenados e tremores, altera o estado mental  e produz outros sintomas psíquicos. Uma crise convulsiva é considerada generalizada quando há movimentos de pernas e braços, desvio dos olhos, liberação dos esfincteres  e perda da consciência. É considerado focal quando promove contrações em apenas um dos membros ou um lado do corpo, sem prejuízo da consciência. Se chegar a perder a consciência, denomina-se “focal complexa”.


A deficiência intelectual, que pode ser estacionária ou progressiva, coexiste com outros sintomas, como por exemplo, tumores retimianos, atrofia óptica, cataratas, sindactilia, espinha bífida e outras malformações..


Nos casos mais graves, há a necessidade de internação em instituições. No entanto, não se pode generalizar que todos os portadores desta síndrome são incapacitados. Eles são capazes de aprender e trabalhar. Como toda doença, podem existir portadores em que a doença não se manifesta.



Agradecimentos:
ao Dr Paulo Cesar Madi, por seu texto.
Á Wikipédia por me ajudar a encontrar as palavras certas para explicar esta síndrome rara.
â Associação dos Portadores de Esclerose Tuberosa http://revistacrescer.globo.com/Crescer/0,19125,EFC820196-2337,00.html,, por ampliar meus conhecimentos.

domingo, 29 de maio de 2011

METODOLOGIA DA LEITURA

Tentando conseguir inspiração para o post de hoje, lembrei dos meus tempos de menina, quando já possuía alguns conhecimentos das letras do alfabeto e iniciava o desenvolvimento da leitura. Por meio dessas lembranças, revivi os procedimentos que minhas professoras do 2ª ao 4º anos utilizavam.








Os procedimentos eram os seguintes:


a) A professora pedia que lêssemos um texto novo, individual  e silenciosamente, para tomarmos ciência do que se tratava.

b) Orientado por ela, sublinhávamos as palavras desconhecidas. Depois, dizíamos as palavras que eram colocadas na lousa, explicadas  em seus significados  e anotávamos  tudo no caderno.

c) Trabalhávamos essas palavras em outras frases e em outros textos menores, bem como seus sinônimos e antônimos (quando possuíam), nos dias posteriores.

d) No dia seguinte, ouviámos a leitura oral da professora. Em casa, tentávamos imitá-la, numa espécie de ensaio para quando chegasse a nossa vez de ler perante a professora e colegas. Queríamos fazer bonito.

e) Diariamente, a  professora nos chamava à sua mesa para a leitura oral de uma frase, de um texto curto ou de um parágrafo de um texto mais longo. Mas, nunca éramos chamados na mesma ordem ou por fileira. Por isso, estudávamos o texto em casa. Lembro de alguns comentários que elas faziam nessas ocasiões: “Aqui tem ponto final. Faça uma pausa maior.” ou “Aqui é uma pergunta, leia novamente fazendo uma pergunta”.

f) Depois, de ter lido o texto várias vezes, era chegado o momento da leitura oral na classe. Sentia um friozinho na barriga, mas fazia o meu melhor. Era sempre muito bom ouvir os elogios da professora quando líamos corretamente. E quando não o fazíamos dessa maneira, elas nos chamava de volta à sua mesa e mostrava onde havíamos falhado. Se errávamos trocando uma palavra por outra ou com a acentuação errada por ser uma palavra nova, não havia gozações dos colegas, pois todos estavam aprendendo e elas deixavam isto muito claro.

g) Para o trabalho de compreensão do texto, a professora fazia perguntas orais sobre ele e pedia para encontrarmos onde estava escrita a resposta. Lembro que disputávamos quem acharia a resposta primeiro.

i) Num outro dia, pedia que disséssemos os fatos importantes do texto, anotando de forma esquemática e marcando a seqüência de idéias: começo, meio e fim. Ela anotava na lousa para que copiássemos. Com essas idéias na lousa, pedia que dois ou três alunos (nunca os mesmos) fizessem oralmente a reconstrução do texto.

k) Só então, passavam algumas questões sobre o texto na lousa para respondermos na sala de aula ou na lição de casa. E ficava muito zangada quando a resposta não era completa. Outras vezes, pedia a reprodução da história, por escrito.

l) Para generalizar e ampliar nossos conhecimentos sobre o tema do texto, sugeria que o modificássemos, usando um outro contexto. Por exemplo, se a história ocorria com um menino que brincava com determinados brinquedos, ela sugeria que fosse uma menina ou alguns meninos. Ou, ainda, sugeria uma outra situação: o menino ficara doente, ia a um passeio, ia à praia etc.

m) Por fim, davam as explicações sobre as regras gramaticais e seu uso na escrita, como padrão culto.

Estes mesmos procedimentos não ficavam apenas restritos ao ensino da língua, mas também eram aplicados a outras disciplinas, como no estudo de História, de Geografia e de Ciências. O que nos faz perceber que esses procedimentos eram utilizados por todas as professoras e em todas as séries, por fazerem parte de uma metodologia de ensino e desenvolvimento do processo de leitura.

Embora o ensino daquela época fosse o chamado “ensino tradicional”, nem por isso fiquei traumatizada por aprender dessa forma. Ao contrário, me tornei leitora assídua e com grande prazer pela leitura.

Notem que, naquele tempo, não se ouvia falar das teorias de Piaget, Vigotsky, Ausubel, Emília Ferrero ou outros tantos desenvolvimentistas. Muito menos, se falava em psiconeurologia (que é coisa recentíssima). Mas, pode-se notar que esses procedimentos respeitavam o desenvolvimento infantil e estavam de acordo com os processos cognitivos ditados pela psiconeurologia.

Diante dessas lembranças, me pergunto: “Onde foi parar aquela metodologia?”. A modernidade “acabou” com o ensino tradicional (pelo menos, teoricamente) e impôs novidades que, em vez de melhorar o ensino e a leitura,  tornou tudo muito pior.

Não sou saudosista, não. Acho que o ensino tradicional tinha algumas coisas que precisavam ser mudadas e, graças a Deus, foram mudadas (também, teoricamente). Mas, houve um amontoado de novidades (cujas bases não foram esclarecidas) que fizeram da Educação o caos que vivenciamos hoje.

Hoje, infelizmente, somos um povo que lê por necessidade: para fazer trabalhos escolares ou provas, para assinar um contrato, para preencher algum documento etc. Muitos encontram dificuldades até nisto. Isto porque poucos sentem o real prazer de ler, porque a escola tem negligenciado a leitura. Deixo então uma questão que precisa ser discutida: Será que o que era feito no passado era tão ruim que não possa ser aplicado novamente em nossas escolas? Ou será que as professoras do passado faziam "mágica"?