sábado, 7 de maio de 2011

sexta-feira, 6 de maio de 2011

PRÉ-REQUISITOS PARA A AQUISIÇÃO DA LEITURA

Pesquisas revelam que o ato de ler é um processo mental que contribui para o desenvolvimento intelectual. Este ato coloca em ação uma infinidade de neurônios, várias regiões cerebrais e os dois hemisférios.

Ao contrário do que todos pensam, o processo de aquisição da leitura não começa na escola, Apenas se consolida. Na verdade, começa bem antes. Começa com a aquisição da fala. Falar significa adquirir a linguagem verbal. E para isso tem início um processo mental que se desenvolve através de vários níveis.

Alguns meses após o nascimento, o bebê descobre que pode produzir sons. E a chamada fase de lalação, onde estão presentes os gritinhos. Esta é uma fase de experimentações vocais onde aparecem as modulações sonoras.
Poucos meses depois, a criança inicia uma nova fase: o balbucio. É a fase do “mã-mã”, “dá-dá”, Também é uma experimentação, mas que encanta os adultos, que por sua vez, passam a estimular a criança para que diga sua primeira palavra.  Na verdade, “mã-mã” ou “pa-pa” ainda não são palavras, porque a criança repete esses sons para todos os seres e objetos que despertam sua atenção. Mas, os adultos entendem como palavras (mamãe e papai)  e passam a repetir "mamãe e papai" para a criança e o fazem, com grande festa. A criança gosta e passa a  repitir também diante da visão ou aproximação dos seres que lhes inspiram afeto e confiança. Em pouco tempo, por imitação e por repetição, a criança aprende que aqueles sons representam o pai ou a mãe. Aquele som passa a possuir um significado, tornando-se. então, uma palavra.
 
 A partir de então, começa o nível da “linguagem auditiva receptiva”, com novas estimulações associadas ás necessidades básicas da criança: papá (na hora de comer), tetê (para a mamadeira), que se estendem a outros seres próximos: vovò, vovô, titi (tia (o)), au-au etc. A criança ouve e faz a ligação entre o objeto e o som ouvido. E, assim, adquire novos significados. Em pouco tempo, seu repertório já possui um bom número de significados.

Quando a criança passa a fazer uso desse repertório ou “vocabulário infantil”, dizemos que a criança já “fala”. Na verdade, ela passou para um novo nível: o da “linguagem auditiva expressiva”, onde novas aquisições de significados são aprendidos ainda por imitação. Seu repertório aumenta consideravelmente.

Com a produção de novos sons e a aquisição de novos significados forma-se uma “linguagem interior”, que a torna capaz de expressar pensamentos e sentimentos. Mais um nível é galgado. Dessa linguagem interior desenvolvem-se as imagens mentais.

Sua atenção volta-se agora para certos detalhes que os objetos possuem. Formas e movimentos são os mais importantes entre os detalhes. Começa um novo nível: a “linguagem visual receptiva”. É a época do gosto pelos seus próprios desenhos, por desenhos animados da televisão, dos livros de histórias e das tentativas de leitura de imagens. É a época também do inicio das atividades escolares. Época em que se torna capaz de ser alfabetizada. O nível seguinte, é a “linguagem visual expressiva”, quando se torna capaz de escrever.

FONTE

FONSECA, Vitor. “introdução às Dificuldades de Aprendizagem”. Porto Alegre, Artes Médicas, 1995.

quarta-feira, 4 de maio de 2011

MAIS BONECAS DE PAPEL

Acredito que deva uma explicação. Os adeptos das bonecas de papel devem estar estranhando que as roupinhas que coloco aqui, não tem as  abas (ou prendedores) para que fiquem no lugar. Mas, há uma boa razão para isso. Essas bonecas foram feitas para o trabalho de alfabetização com uma criança "ASPERGER", ou seja, um "autista inteligente",  e que tem como estereótipo,  fixação por bonecas. Crianças Asperger gostam de bichos de pelúcia, carrinhos,.fadas, princesas, etc. Falarei deles em outra ocasião. 

Esta criança gosta de bonecas, E não pode ver uma sem roupa que já quer desenhar algumas para ela. Então, como uma forma de me aproximar e estabelecer um espaço de confiança, comecei a utilizar essas bonecas. Também  para ampliar seu interesse para outras direções e, ao mesmo tempo, fixar sua atenção na alfabetização.

Vejam outras que fiz para ela:


domingo, 1 de maio de 2011

AS REGIÕES CEREBRAIS, A VIDA E AS APRENDIZAGENS

Como vimos anteriormente, o cérebro é formado por dois hemisférios e que são ligados por uma estrutura central, denominada “corpo caloso”.

Na primeira infância (do nascimento até os dois anos) utilizamos mais o hemisfério direito por lidar com questões mais sensoriais. Formam-se então as estruturas que nos capacitam para as primeiras aprendizagens. Enquanto isso, embora já formado e atuante, o hemisfério esquerdo se capacita e se prepara para desempenhar tarefas mais sofisticadas, e uma delas é a aquisição da fala.

Cada hemisfério possui quatro regiões importantes chamadas “lobos”. São eles: o lobo frontal, o lobo parietal, o lobo occipital e o lobo temporal. Cada um é responsável por receber um tipo de informação vinda do ambiente, cabendo a cada um processá-las e transportá-las para uma memória específica.


O lobo temporal é responsável pelos estímulos auditivos. O lobo occipital, pelos estímulos visuais. E o lobo parietal, pelos estímulos sensoriais (táteis, gustativos, olfativos ). O bom funcionamento destes lobos depende quase que exclusivamente das percepções do sujeito sobre o ambiente. Pessoas com problemas sensoriais (auditivos, visuais ou táteis) não recebem as informações do ambiente de forma adequada e o cérebro processa mal essas informações porque chegam de forma incompleta ou confusa.

O lobo frontal tem funções mais sofisticadas. É responsável pelo ajuizamento das coisas, ou seja, pelas iniciativas e tomadas de posição diante de uma situação qualquer e pelo comportamento emocional, já que comporta o córtex pré-frontal. Ao contrário dos outros lobos, o bom funcionamento deste lobo depende em grande parte das oportunidades que o indivíduo tem em adquirir experiências e vivências. Depende, portanto, das oportunidades que os adultos promovem às crianças, dando-lhes a oportunidade de enfrentar dificuldades, de tomar decisões,  de fazer escolhas e julgamentos.

Muitos pais, por excesso de amor pelo (s) filho (s) fazem tudo no lugar deles, impedindo que a criança  adquira certas experiências e vivências. Por exemplo: a criança que já consegue comer ou tomar banho sozinha, mas os pais insistem em lhe dar a comida na boca ou banhá-la. Outro exemplo comum, é a criança que briga com um amigo de mesma idade e os pais é quem resolvem a situação. Existem ainda milhares de outros exemplos em que erros educacionais impedem o bom funcionamento do lobo frontal.

: "As crianças são o que os pais fizeram delas até os 6 anos de idade"
 Carl Gustav Jung

Criam-se, então, pessoas infantilizadas, sem iniciativa, que não sabem optar por isto ou aquilo, com medo de tudo o que é novo e achando que qualquer proposta ou situação é difícil de enfrentar.

Em atendimento, ouço muito esta frase: “NÃO QUERO QUE MEU FILHO SOFRA DECEPÇÕES”. Mas, a vida não é somente feita de “sim”. Recebemos o “não”, numa quantidade maior que o “sim”. Ficar frustrado faz parte de nossa vida e são as frustrações  quem nos ensina a superar os obstáculos que a situação exige ou que a vida impõe. Nunca dizer “não” à criança é ensinar-lhe a ser mole, preguiçosa, dominadora, egoísta e dependente de todos.
As aprendizagens escolares dependem do bom funcionamento cerebral. E para isso, é preciso que a criança tenha sido muito bem estimulada antes de entrar na escola.


Pais, quem ama não “tira” da criança as oportunidades de crescimento. Ao contrário, oferece desafios progressivos para que ela experimente, vivencie e tire proveito desses desafios




PAIS, 
SEJAM AMIGOS DE SEUS FILHOS.


fontes:
FIORI, Nicole, As Neurociências Cognitivas. Trad. de Sonia M. S. Fuhrmann. Petrópolis: RJ, Vozes, 2008
KANDEL, Eric (org); SCHWARTZ, James H e JESSEL, Thomas M, Fundamentos da Neurociência e do Comportamento”. Trad de ESBÉRARD, Charles A e ENGELHARDT, Mira de C. Rio de Janeiro; ed Prentice-Hall do Brasil Ltda, 199